As fadas
Sóo muito desconfiadas:
Quem as vú nóo hñ-de rir
Querem elas que as respeitem
E nóo gostam que as espreitem
Nem se lhes hñ-de mentir
Quem as ofende cautela!
A mais risonha, a mais bela
Torna-se logo tóo mñ
Tóo cruel, tóo vingativa
Ù inimiga agressiva
Ù serpente que ali estñ
E túm vingan÷as terrýveis
Semeiam coisas horrýveis
Que nascem logo do chóo
Lýnguas de fogo, que estalam
Sapos com asas, que falam
Quantas vezes jñ deitado
Mas sem sono, inda acordado
Me ponho a considerar
Que condóo eu pediria
Se uma fada, um belo dia
Me quisesse a mim fadar
O que eu seria?
As fadas creia nelas!
Umas sóo mo÷as e belas,
Outras, velhas de pasmar
Umas vivem nos rochedos,
Outras, pelos arvoredos
Riem e cantam ð beira mar
Algumas em fonte fria
Escondem-se enquanto ù dia
Saem sƒ ao escurecer
Outras, debaixo da terra
Nas grutas verdes da serra
Ù onde se vóo esconder
O vestir sóo tais riquezas
Que rainhas nem princesas
Nenhuma assim se vestiu
Porque as riquezas das fadas
Sóo sabidas e celebradas
Por toda a gente que as viu
Quando a noite ù clara e amena
E a lua vai mais serena
Qualquer um as pode espreitar